Em sua Revisão do Transporte Marítimo para 2021, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) afirmou que o atual aumento nas taxas de frete de contêineres, se mantido, poderá elevar os preços globais das importações em 11% e os preços ao consumidor em 1,5% entre agora e 2023.

O impacto dos elevados custos de frete será maior nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento (PEID), que poderão registar um aumento de 24% nos preços das importações e de 7,5% nos preços ao consumidor. Nos países menos desenvolvidos (PMD), os níveis de preços ao consumidor poderão aumentar 2,2%.

No final de 2020, as taxas de frete dispararam para níveis inesperados. Isso se refletiu na taxa spot do Índice de Frete de Contêineres de Xangai (SCFI).

Por exemplo, a taxa spot da SCFI na rota Xangai-Europa era inferior a US$ 1.000 por TEU em junho de 2020, saltou para cerca de US$ 4.000 por TEU no final de 2020 e subiu para US$ 7.552 por TEU no final de novembro de 2021. 

Além disso, espera-se que as taxas de frete permaneçam elevadas devido à forte demanda contínua, combinada com a incerteza na oferta e preocupações com a eficiência do transporte e dos portos.

Segundo o último relatório da Sea-Intelligence, uma empresa de consultoria e dados marítimos sediada em Copenhague, o transporte marítimo de cargas pode levar mais de dois anos para retornar aos níveis normais.

As altas taxas também afetarão itens de baixo valor agregado, como móveis, têxteis, vestuário e produtos de couro, cuja produção é frequentemente fragmentada em economias de baixos salários, bem distantes dos principais mercados consumidores. A UNCTAD prevê aumentos de preços ao consumidor de 10,2% nesses itens.

O Relatório sobre o Transporte Marítimo é um relatório emblemático da UNCTAD, publicado anualmente desde 1968. Ele fornece uma análise das mudanças estruturais e cíclicas que afetam o comércio marítimo, os portos e a navegação, além de uma extensa coletânea de estatísticas sobre o comércio e o transporte marítimo.